O Plagiário

Plágio: (...) apresentação feita por alguém, como da sua autoria, de trabalho, obra intelectual etc. produzido por outrém. In: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Correspondência para: just.salomao@gmail.com

31 outubro 2005

IPRIS vs IPRI

ou ?


Mais uma peculiariedade encontrada no micro-cosmos português.
Em busca de «Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança», no «Google», deparei-me com o resultado que pretendia (IPRIS), mas também com um outro (IPRI). Mais interessante é que IPRI é acrónimo para «Instituto Português de Relações Internacionais». Mas ainda mais confuso é que, pasme-se, ambas as instituições são portuguesas, muito embora exista igualmente outro «IPRI» no Brasil (acrónimo para «Instituto de Pesquisas em Relações Internacionais»).
Haveria, eventualmente, algo de errado em tudo isto. Será que ambas as siglas estão devidamente autorizadas? Decidi aprofundar. Ora, sendo instituições portuguesas, ambas deveriam estar registadas no Registo Nacional de Pessoas Colectivas (RNPC). Fui ver e concluí que esta premissa se confirmava mas com uma nuance: o RNPC autorizara «Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança - IPRIS» e, dois anos depois, nova permissão para «Instituto Português de Relações Internacionais-Universidade Nova de Lisboa».
Interessa, aqui, perceber a importância que tem para os utilizadores o grau de confundibilidade que representam as siglas IPRIS e IPRI, esta última de utilização, aparentemente, abusiva. Mais, importa salientar que essa confundibilidade existe manifestamente e é reforçada na designação por extenso que, estranhamente, foi aprovada pelo RNPC...
Em última análise pode depreender-se que, voluntária ou involuntariamente, IPRI é um plágio de IPRIS.

26 outubro 2005

Um caso de «auto-plágio»

= .



Há coisas a que não ligo. Há outras que não suscitam o meu interesse. Mas raramente há coisas que me são indiferentes. Às que não suscitam o meu interesse, geralmente, não ligo. Mas há quem faça exactamente o oposto. As coisas que consideram desinteressantes suscitam-lhes um certo fascínio e, vai daí, passam a ser objectos que de tão abjectos se tornam no centro da curiosidade. Penso que terá sido o que se passou com João Pedro George que, no seu blogue Esplanar, se dedicou de corpo e alma a toda a obra publicada por Margarida Rebelo Pinto (MRP), a saber, cinco romances: Sei Lá; Não Há Coincidências; Alma de Pássaro; I’m in Love with a Pop Star; Pessoas Como Nós; e «três colectâneas de crónicas e minificções publicadas em jornais e revistas»: As crónicas da Margarida; Artista de Circo e Nazarenas & Matrioskas.

O que resultou desta análise meticulosa, dedicada, corajosa e científica foi uma crítica literária inexcedível. A conclusão é que a tão propagada crítica à repetição de MRP se confirma plenamente e com contornos escandalosos de «auto-plágio».

Deste trabalho de João Pedro George, destaco três pequenas partes.

[1] «Margarida Rebelo Pinto repete-se imoderadamente, copia frases de uns para outros livros, utiliza por vezes citações de escritores sem lhes atribuir a origem, tem deslizes de ortografia e comete erros gramaticais, as personagens, as situações, os temas e a estrutura narrativa são sempre os mesmos, as vidas que relata são homogéneas e monótonas, há incongruências catastróficas no vocabulário dos narradores, retirando-lhes toda a credibilidade, as representações dos homens e das mulheres são padronizadas, estereotipadas e simplistas, a escrita toca as raias do mau gosto e do anedótico, o estilo é uniforme e preguiçoso. Tudo considerado, livros deploráveis, falhados e vulgares.»

[2] Exemplo de «auto-plágio» de diferentes livros
Em As crónicas da Margarida, na página 143: «E, como diz António Lobo Antunes, quando um coração se fecha, faz muito mais barulho do que uma porta». Em Não Há Coincidências, na página 242: «O António Lobo Antunes diz que o coração quando se fecha faz muito mais barulho do que uma porta». Em Artista de Circo, na página 147: «Quando um coração se fecha faz muito mais barulho do que uma porta, diz o António Lobo Antunes».

[3] Exemplo de «auto-plágio» no interior do mesmo livro
Em Não Há Coincidências, na página 22: «Saio de casa ainda é noite cerrada. O portão abre-se silenciosamente, cúmplice nas minhas saídas madrugadoras e regressos tardios». Mais à frente, na página 132: «Saio de casa ainda é noite cerrada. O portão abre-se silenciosamente, cúmplice nas minhas saídas madrugadoras e regressos tardios».

Estas e outras pérolas podem ser consultadas aqui, no post «Couves & Alforrecas» de 03 de Outubro.

04 outubro 2005

Europlágio II de II

= ?

Outra história curiosa. De acordo com o The Guardian, em 2001 a empresa Thomas Cook - agora chamada Travelex - decidiu processar a Comissão Europeia por plágio de logótipo. O símbolo que a Thomas Cook usava nos cheques travellers (o da direita...) era, alegavam, demasiado parecido com aquele que a Comissão Europeia criou em 1996 e que tal semelhança poderia prejudicar o negócio.
Em todo o caso, as autoridades judiciais não reconheceram haver fundamentação suficiente nas alegações da Thomas Cook, conforme se pode constatar aqui.

03 outubro 2005

A Macro-Micro-Causa

Não se trata de assunto de plágio ou de contrafacção. Mas, de certa forma está em causa uma ética deontológica nem sempre bem explicada e nem sempre bem utilizada. Refiro-me à ética prevista no código deontológico dos jornalistas. Este código reza assim no ponto dois: «0 jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.» Need I say more?...

Portanto, alio-me à causa lançada por Paulo Gorjão no BLOGUÍTICA com vista a que o «Público» nos revele a verdade total e não apenas parcial.

PODE O PÚBLICO SFF ESCLARECER COM QUEM É QUE FÁTIMA FELGUEIRAS MANTEVE CONTACTOS NO SECRETARIADO NACIONAL DO PS? QUANDO É QUE ESSES CONTACTOS TIVERAM LUGAR? QUEM É QUE INFORMOU JAIME GAMA PREVIAMENTE DA LIBERTAÇÃO DE FÁTIMA FELGUEIRAS?

02 outubro 2005

A ler

Esta interessante reflexão sobre o flagelo do plágio nas Universidades portuguesas. (Via Abrupto)

01 outubro 2005

Nuno Severiano Teixeira...



... ter-se-á «esquecido» de mencionar a fonte de um excerto do artigo que publicou no Diário de Notícias no dia 24 de Agosto de 2005. Parece-nos que este excerto:

«Um ataque militar ao Irão, como deixa em aberto a Casa Branca, poderia ter levíssimos efeitos militares e pesados efeitos políticos. Um ataque cirúrgico a instalações nucleares é possível, mas não é fácil. O território do Irão é três vezes o do Iraque, as instalações estão escondidas e mesmo que alvejadas poderiam ser reparadas em meses.»

se assemelha bastante a este outro da autoria do especialista Fareed Zakaria, publicado oito dias antes no The Washigton Post:

«Air strikes against Iran would be extremely unwise. They would have minimal military effect: The facilities are scattered, reasonably well hidden and could be repaired within months.»

Coincidências?... Not likely!